Humorista que é, Rafinha Bastos não perdeu a piada e resolveu se pronunciar sobre o fim do “CQC” – humorístico do qual fez parte até 2011 – de forma bem humorada.
Em seu perfil oficial no Facebook, Bastos escreveu uma “carta” para o “CQC”, em referência a carta escrita pelo vice-presidente Michel Temer, destinada a presidente Dilma Rousseff, na última segunda-feira. Na publicação, em tom de brincadeira, é claro, o humorista diz que se sentiu “como mera figura decorativa”.
No dia anterior, no entanto, Rafinha discutiu em suas redes sociais com o ex-colega de “CQC”, Marco Luque. “Foi parceiro no sucesso. Quando o bicho pegou, mandou uma carta de repúdio contra a aliada. Michel Temer, o Marco Luque da política”, comentou o humorista, se referindo a época em que foi demitido da Band por uma piada sobre o bebê de Wanessa Camargo, quando Luque escreveu uma carta de repúdio aos comentários do colega.
O apresentador do “CQC” ironizou dizendo que “a ‘aliada’, assim como você [Rafinha], se enforcou com a própria língua”. Bastos ironizou o comentário do ex-colega de bancada e disse que “pesquisas apontam que o número de suicídios por enforcamento é 32 vezes menor que o enforcamento por ataque de jibóia”.
Confira a seguir a “carta” em que Rafinha Bastos faz piada sobre o fim do “CQC”.
A imprensa acaba de noticiar que o CQC acabou. Não haverá a temporada 2016 do programa.
Enviei esta carta ao CQC. Infelizmente ela caiu nas mãos da imprensa.
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São Paulo 9 de dezembro de 2015
Senhor CQC,
Ad finalis progamis est
Esta carta é pessoal. Só estou colocando no meu twitter, Facebook, Google+, Snapchat, Orkut e LinkedIn porque tenho preguiça de ir ao correio. Para falar a verdade nem sei se ainda aceitam cartas por lá.
Minha lealdade institucional é pautada pelo artigo 32 do código civil da brodagem.
Tenho muito orgulho da minha história, mas sempre senti a desconfiança do CQC para comigo.
Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.
1- Estive do seu lado durante 4 anos e meio e sempre me senti como mera figura decorativa. Ficava do lado direito da bancada, um lado nitidamente inferior. Veja o passado recente do Brasil. O lado direito sempre foi marginalizado. Que grandes pontas-direita tivemos em nosso futebol? O maior nome foi o Cafu que nem ponta era.
2- Sempre quis ter uma atuação mais presente, mas você só precisou de mim para as piadas que os outros não tinham coragem de fazer. Quando a chapa esquentou para o seu lado, você olhou para mim e bradou aos quatro ventos: “Nem conheço este psicopata!”.
3- Quando o programa teve problemas políticos com Ronaldo e sua bancada, eu me dispus a usar a minha habilidade humorística para caçoar da situação. Vocês pediram que eu ficasse quieto e não me metesse no assunto (eu fiz piada mesmo assim, mas isso não vem ao caso).
4- Eu me ofereci inúmeras vezes para ajudar o colega Marco Luque com suas dificuldades cotidianas que incluíam amarrar os sapatos, dicção de vocábulos simples e desafios básicos de coordenação motora. Você simplesmente me ignorou.
5- Ano passado, fui chamado pra reintegrar o programa. Levemente contrariado, aceitei o convite, afinal, senti o desespero nos olhos da emissora (a situação parecia desesperadora). Você mudou de idéia na última hora e eu fiquei com aquela cara de imbecil sozinho no altar num filme B da Sessão da Tarde (no fim confesso que dei graças a Deus).
Finalmente o programa caiu.
Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que a Band terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.
Finalmente, sei que o senhor não tem confiança em mim e no PMDB, digo, no humor, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.
Respeitosamente,
\ R BASTOS