Por: Naira Hofmeister
A RBS, afiliada da Rede Globo no Sul do Brasil, anunciou mudanças relevantes na sua estrutura organizacional na última segunda-feira (14). Há tempos especulava-se sobre a substituição do presidente do grupo de comunicação, Eduardo Sirotsky Melzer, o Duda.
Em setembro, a Carta Maior noticiou que um eventual afastamento poderia ser uma tentativa de evitar o depoimento de Duda em uma CPI do Congresso Nacional. É que a RBS é uma das investigadas na Operação Zelotes, da Polícia Federal, que trata da compra de sentenças para a redução de débitos tributários no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e seu presidente já havia sido chamado a prestar esclarecimentos ao parlamento.
Outra razão para a alteração foi a desastrada tentativa de reduzir os gastos da empresa com a folha salarial, que culminou com a publicação de um comunicado aos funcionários, em agosto do ano passado, anunciando a demissão de 130 trabalhadores por e-mail, o que Duda escreveu considerar uma demonstração de “coragem e desapego”.
As alterações mantêm Duda no cargo. O presidente, porém, vai precisar dividir com outro executivo a gerência da área noticiosa da empresa a partir da criação do posto de CEO de operações de mídia, que será ocupado pelo atual vice-presidente de Finanças, Claudio Toigo Filho.
Por outro lado, o herdeiro da família proprietária de quatro canais e 18 retransmissoras de TV, oito jornais impressos e sete rádios no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina acumulará a função de presidente do Conselho de Administração do grupo, substituindo o tio, Nelson.
"O atual presidente do Conselho de Administração do Grupo RBS, Nelson Sirotsky, após uma vida dedicada à empresa, decidiu continuar contribuindo com a RBS como membro do conselho e em questões editoriais e institucionais, mas sem funções executivas", justificou um comunicado publicado na página da corporação de mídia.
Nelson foi presidente da RBS até 2012, quando Duda assumiu.
As relações entre os dois Sirotsky que se revezaram no poder estavam azedadas desde que Duda implementou o impopular plano de corte de gastos na empresa, que teve péssima repercussão – inclusive entre leitores, ouvintes e telespectadores da empresa.
Pior: haviam afetado um dos homens de confiança de Nelson, o diretor de jornalismo, Marcelo Rech. Segundo Luiz Cláudio Cunha provocou "uma cisão irreparável nas relações entre tio e sobrinho”.
A mudança no comando da empresa remedia a situação, criando a Vice-Presidência Editorial para Rech, que também assume a liderança do Comitê Editorial da RBS.
As mudanças passam a valer a partir de janeiro de 2016.
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