Vocês lembram quando a Globo foi impedida de transmitir os jogos olímpicos na TV aberta? Para garantir que esse tipo de coisa não aconteça de novo, o Grupo Globo garantiu os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos no Brasil até 2032 em todas as plataformas. A grande diferença é que no caso dos televisores, a empresa não possui exclusividade. No entanto, em todas as outras plataformas, como a TV por assinatura, Internet, telefonia móvel etc, apenas os produtos da Globo poderão realizar a transmissão. O valor da transação não foi divulgado.

As últimas Olimpíadas quase não deram ibope, uma surpresa para a Record que teve exclusividade na plataforma, este problema acabou tornando a disputa no leilão muito mais fácil para a Globo, por falta de interesse de outros grupos. Durante à época das Olimpíadas no ano passado, a Record perdeu até para os filmes repetidos da sessão da tarde. O desembolso da Record foi muito alto para o que lhe rendeu, a empresa não apenas teve de pagar um alto valor ao Comitê Olímpico Internacional (a estimativa no mercado era de US$ 60 milhões), mas também a cobertura em si. A Record enviou uma equipe de 300 pessoas para a cobertura do evento.

De acordo com uma fonte próxima as duas partes, os direitos para as plataformas onde o grupo tem exclusividade podem ser divididos com outros grupos, caso a conta pese. Vale dizer o acordo também vale para os jogos de inverno, o pacote inclui os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, em 2018; os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020; os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022; além das edições até 2032 ainda sem local definido. O valor acertado será pago ao COI até 2032.

Com a baixa audiência gerada pelos jogos nos últimos anos, é provável que as olimpíadas mais lucrativas do pacote sejam aquelas de 2020, porque os mesmos serão exibidos no Brasil durante a madrugada, não afetando a grade de programação do canal e nem comercialização normal de publicidade. O patrocínio ao evento, portanto, afeta o faturamento apenas de modo positivo.

Cada vez mais o investimento em esportes se tornou a principal estratégia dos grandes grupos de mídia para sobreviver às mudanças na forma de consumo de conteúdo. Desde que o futuro da televisão passou a ser comprovadamente a internet, apenas os canais esportivos são os que tem algum valor em um cenário no qual a distribuição de conteúdo de forma não-linear tende a ser dominante, através do vídeo sob demanda.

Segundo os executivos do setor o valor do esporte já é sentido nas negociações das programadoras com as operadoras de TV paga. "Todos os grupos de mídia que investiram em canais de esportes nos Estados Unidos conseguiram valorizar todo o seu conjunto de canais, mesmo com a queda da base", diz uma fonte. "A conta dos canais esportivos não fecha. O custo da operação e do conteúdo desses canais só pode ser pago pelo pacote completo de canais oferecido às operadoras", explica.