Por Altamiro Borges
A exclusividade na transmissão do futebol, uma aberração garantida ao monopólio da TV Globo, é o que ajuda a explicar a audiência, o faturamento publicitário e lucros da famiglia Marinho. Prova disto é que nesta quarta-feira (9), a primeira após o término do Campeonato Brasileiro, a emissora viu sua audiência despencar. Segundo o Ibope, ela marcou 11,5 pontos na média do dia na Grande São Paulo. Foi o pior resultado desde 11 de novembro, quando a Globo afundou na travessia do Mar Vermelho da novela Dez Mandamentos, da rival Record.
A aberração da exclusividade, que não existe nos EUA, na Europa e em vários cantos do planeta, é o que explica a guerra travada nos bastidores para garantir este privilégio. A transmissão televisiva foi o principal motivo das prisões de vários cartolas da Fifa, inclusive do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o aecista José Maria Marin. Agora mesmo outra guerra está em curso, conforme revela Daniel Castro, em matéria postada nesta sexta-feira (11) no site "Notícias da TV":
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Globo aciona 'batalhão' de advogados para guerra pela Libertadores
A Globo acionou um "batalhão" de advogados para garantir seu direito de transmitir a Taça Libertadores da América em 2016. A emissora acendeu o sinal de alerta no departamento jurídico depois que vazaram no mercado informações de que o atual contrato da emissora para exibir o torneio continental não tem mais validade.
O problema é o seguinte: quem detém os direitos da Libertadores para toda a América Latina, em todas as mídias, é a Fox. A Fox, por sua vez, sublicencia os direitos para outros canais pagos (caso do Sportv) e abertos (a Globo no Brasil). No mês passado, a Fox anunciou a assinatura de um novo contrato, diretamente com a Conmebol, a confederação sul-americana, válido para as temporadas de 2016, 2017 e 2018.
A Fox já tinha contrato até 2018 pela Libertadores. Assinou um novo por dois motivos: 1) por pressão da Conmebol, que aumentou os valores para poder pagar mais aos clubes, que ameaçavam lançar uma Champions League das Américas; 2) por precaução contra eventual fuga de anunciantes multinacionais, que têm políticas anticorrupção, e não veriam com bons olhos o fato de o antigo contrato ter sido intermediado pela TyC (Torneos y Competencias), empresa argentina envolvida no escândalo de pagamento de propinas a cartolas na América Latina. Com o novo contrato, a Fox "limpou" a sujeira que envolvia seus direitos pela Libertadores.
No entendimento de fontes do mercado, o contrato da Globo não vale mais porque é baseado em uma negociação que foi desfeita pela Fox. O atual contrato da Globo, segundo a própria emissora, teve a intermediação da TyC, que não representa mais a Conmebol. Nessa lógica, a emissora pode vir a ter problemas quando for exibir os jogos. A confederação sul-americana poderá não reconhecer o direito de transmissão da emissora, por ter descredenciado a TyC, e impedi-la de reproduzir ou captar sinais.
Extroficialmente, a Globo trata o assunto como mera "plantação", mas, para evitar surpresas desagradáveis, já acionou um "batalhão" de advogados, de acordo com uma fonte na emissora.
Oficialmente, a Globo diz que "os acordos da TV Globo e Sportv com Fox e TyC estão válidos" e que "não muda nada na cobertura da Libertadores e Sul-Americana do ano que vem". A Fox não comenta o assunto. Diz que tudo o que tem a dizer estava no comunicado de novembro, em que anunciava o contrato direto com a Conmebol pelos direitos da Libertadores em todas as plataformas até 2018. Procurada pelo Notícias da TV desde quarta-feira (9), a Conmebol não se manifestou.
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